Surgiu-me isto ontem a descer do Taborda cá para baixo e durante o dia tem voltado e voltado à cabeça.
Masturbação... um acto de apenas um indivíduo.
Tornou-se quase uma doença...
Masturbação na arte, nas conversas, em sentimentos e até nas relações humanas.
Há quem goste de falar para parecer inteligente frente aos outros, para se sentir superior. Masturbação.
Há quem invente coisas porque lhe faltam factos no quotidiano, espalha-os a quem quiser ouvir, fala dos males dos outros criticando. Masturbação.
Peças de teatro, filmes, quadros que não transmitem mas impõem algo que não se compreende, não se atinge nem toca nem comove nem sequer repugna. Masturbação.
Até o sexo virou masturbação. Ele chega e vai-se embora. Ela aparece, faz e desaparece.
O amor deu lugar ao amor-próprio...
O que é que aconteceu ao sexo da vida? Dar prazer recebendo e receber dando?
Criar porque algo dói cá dentro. Porque tens algo a dizer. Porque queres provocar sensações em alguém. Partilhar. Dar.
Falar. Ouvir. Falar. A sede de uma conversa de madrugada com um copo de whisky à frente. Telefonar para ouvir uma voz que não ouves há muito tempo.
Amar porque sim. Gostar porque sim. Sentir porque sim.
Agora desprezamos os antigos.
Rotulamos de parvoíce o romantismo.
Orgulhamo-nos de ser insensíveis a tudo.
Orgulhamo-nos de não saber sentir.
E no final ficamos vazios.
Só conhecemos o prazer individual.
Já chega.
Não era nada disto que as nossas mães nos desejavam quando nos embalavam no berço e nos davam de mamar.
Não era assim que queríamos ser quando íamos ao cinema no Domingo à tarde de mão dada.
Não era com estes olhos que víamos um Mundo maior que nós.
Chega.
Não quero ver onanismo em palco.
Não quero vê-lo na vida.
Pelo menos, não na minha.
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