Copo de água.

Estou cansada. Cheia de sono. Sinto os olhos a fechar.
Estou cansada acima de tudo de mim.
Quero deitar-me e sonhar como sonhava há anos atrás.
Já não sou quem era. Não sou quem sou nem sequer quem queria ser.
Tornei-me fria.
Tornei-me talvez até céptica.
Quis olhar muito para além e fiquei cega em relação às pequenas coisas.
Hoje estou cansada e quero dormir.
Hoje amo a vida como a amava antigamente.
Hoje choro porque percebo que não estou sozinha.
Hoje queria muito que me abraçasses e me dissesses que sou tua.
Mas lembro-me que na minha frieza não há espaço para isso.
O gelo que me rodeava derreteu.
E com isso eu já não sei lidar...

E sinto-me estupida por isso.
Por isso e por acreditar vivamente que tudo o que disse faz realmente sentido numa realidade em que o boato e a opinião alheia ocupam o primeiro lugar na mente humana.
E é por isso também que as lágrimas continuam a cair e eu continuo cansada. E cheia de sono.