Estou com febre, de nariz entupido, a tossir que nem um cão, com um documento aberto para trabalhar há duas horas (e sem adiantar uma letra que seja), a fumar um cigarro (que irónico) e com uma vontade imensa de despejar aqui um monte de palavras sinceras.
Lembro-me da escola de teatro. Dos cinco anos e dos três e de agora.
Os três anos estão bem enterrados num sítio onde eu não os veja (as coisas que trouxe de lá, existem ainda hoje, as outras, esqueço-as).
Vejo hoje o quanto eu não era, o quanto achava que queria ser e como foi tudo em vão, inútil e de um comportamento exemplar do que não se deve ser nunca.
Vejo hoje que é pela simplicidade e pela simpatia. É sempre por aí. E nem dá dores de cabeça.
Lembro-me de ti. Nós que nos demos tão bem, e depois nos demos tão mal, e quanto indiferentes somos afinal. É inevitável não me lembrar de ti em qualquer momento mais nostálgico.
Vou percorrendo tudo, censurando e sorrindo.
Mas nada importa. Já não sou aquilo que era há um ano, nem quero voltar a sê-lo nunca.
E olho com olhos de mãe para todos os que ainda estão dentro daquelas quatro paredes, pois os amo. Amo de coração, admiro e apoio.
O resto... é febre e sono.