quarta-feira, outubro 20, 2010

riders on the storm

Querer viver intensamente casa instante. Às vezes é aí que está o problema. Não saber respirar e aproveitar uma hora em silêncio, calada, na quieta solidão.
Desprezar a banalidade e o comum. O comum é aborrecido, por isso vamos sempre buscar adrenalina. Seja qual for a sensação, que seja real.
Daí o choro, daí o que os tolos chamam de insanidade. Tolos? Razoáveis?
Ver precipícios em terra plana. Confundir a realidade e a imaginação, opondo-os e brincando com eles qual peças de lego.
Pobre actor que em pleno palco se contorce e pavoneia para nunca mais se ouvir. É uma história contada por um parvo, toda ela som e fúria mas que nada significa.
Retirei-o do meu peito assim que soube que não era de pedra, embrulhei-o e pus-lhe um laço, para se manter sempre quente e bonito, entreguei-to. Não sabia que eras fã de malabarismo. Vais-lhe dando voltas, atiras ao ar, apanhas, abraças e atiras outra vez.
Nunca sei o que esperar. Fico aos pulos à beirinha, a ver se caio ou se há onde me agarrar. Nunca sei. Por vezes sopra um vento quente que me acompanha e aconchega, permitindo que adormeça enroscada a um canto, com o sono mais tranquilo do mungo. Por vezes balanceio-me numa só perna sem saber se o próximo passo é a queda.
Girl, you gotta love your man.
Girl, you gotta love your man.

segunda-feira, outubro 04, 2010

lethal weapon

Chá verde de manhã. Cereais com leite, para não fumar em jejum.
O cigarro.
Outro cigarro.
Que vício degradante. Um dia deixo de fumar. Deixo mesmo.
Dor no peito. Dor forte. Como um punhal a ser espetado devagarinho.
As lágrimas não saem.
É duro perceber que os pequenos erros de infância, que já doeram na altura, se voltam contra nós numa idade mais adulta. Digo mais. É injusto. Já pagámos por eles na altura. Já choramos na altura. Para quê alguém voltar para nos relembrar disso e assim tirar-nos da ilusão e do sonho onde estávamos tão confortavelmente instalados?
Morrer, dormir, mais nada. E num sono dizer que cessou o torno no peito e os mil choques naturais... Dormir, porventura sonhar...!
Não. Dormir. Dormir ali onde me habituei a adormecer com sono de bebé, protgeida por um ombro forte.
Ignorar a razão. Desprezar a lógica e a inteligência.
Fechar os olhos, cerrar os punhos e saltar cá para baixo sem saber qual é o fundo onde vou bater.
Implorar por um perdão sem razão? Não... provar que existe no sonho um presente antepassado de um futuro próximo banhado em raios de sol.
Have perhaps more actual troubles, but less imaginary ones.
Acredita em mim! Se me deres a tua mão e partilho contigo a receita para uma vida bela e sorridente, porque eu a conheço. Fui eu que a inventei. Eu conheço o truque para ser feliz, ainda que por breves instantes. Acredita. Não te deixes prender pelos teus pensamentos duros e sombrios. Acredita em mim.
As lágrimas continuam sem cair.
O chá continua demasiado quente.
E nó não sai da garganta.

P.S: Mas voltei a escrever. Não me parece um bom sinal.