quarta-feira, julho 27, 2011

(sweet) dreams are made of this

"Levanta-te e continua a correr. Corre". Sem forças, sem ar, com os pés esfolados, corro, continuo a correr, corro mais e mais e mais (nunca gostei de correr)... Tu. Estou quase a chegar, estendo-te a mão, tento abraçar-te... E afastas-te. Quanto mais me aproximo, mais te afastas. Corro mais, não aguento mais, corro mais... Tu ris-te. Ris-te, afastas-te a rir. E eu continuo a correr... até cair estatelada no chão... E tu continuas a rir...
Acorda. É só um pesadelo.
Respiro fundo.
-Como podes estar assustada? Eu nunca faria isso.
Abraças-me e está tudo bem.
O sonho repete-se um mês depois.
Uma semana depois.
Todas as noites.
E quando dei por mim.
Acorda. Não é um pesadelo. É mesmo assim.
Não consigo respirar.
Como poderia estar assustada? Porque foi exactamente isto que aconteceu. Talvez não tenhas tido o sentido de humor para te rires. Mas no final de contas... Vai dar ao mesmo.

segunda-feira, julho 18, 2011

As coisas mais horríveis à face da terra cometem-se por estupidez. Não por maldade.
É trágico perceber isto. Que foi a falta de coragem, a falta de noção, a falta de confiança que leva a perder aquilo que realmente tinha valor, aquilo que era o verdadeiro objectivo.
Que acreditámos demais nas circunstâncias, que aquilo que estava claro na cabeça, seria igualmente claro para os restantes.
Não é assim.
Queres, faz.
Acreditas, luta.
Ninguém o vai fazer por ti. Ninguém vai compreender o que pensas. Não basta dizer, há que fazer por isso.
O inteligente aprende com os erros dos outros. O estúpido precisa de os cometer.
É doloroso perceber isto.
É trágico.

(365) Days of... something

Estou com a tua camisola vestida. Ainda tem o teu cheiro. Não sei se não será da minha cabeça... mas sinto o teu cheiro. É o cheiro mais bonito do mundo para mim. Tenho o teu charuto na mão e não me passa pela cabeça fumá-lo. Está à tua espera. Estamos à tua espera.
Tenho imagens diante os meus olhos. Uma retroespectiva. Se isto fosse um filme as imagens passariam mesmo a sério, bem montadas ao som de uma música bonita. Este ambiente está a acontecer mais ou menos. A voz do Jacques Brel acompanha-me os pensamentos.
Acho que é masoquista o que estou a fazer. E as lágrimas escorrem-me mesmo pela cara. E o sorriso está estampado no rosto. Fazes-me sorrir. Mesmo a tua ausência faz-me sorrir. Mesmo as saudades que me cortam aos bocadinhos fazem-me sorrir.
Como explicar isto? Chama-se importância. Chama-se memória. Chama-se valor. Chama-se amor (isso é banal, não é?).
Há um ano atrás também ouvia uma música e também tinha uma retrospectiva diante dos olhos e um sorriso. E olhava a lua e pensava em ti e pensava no quanto eu era feliz. Ah e abraçava a tua almofada e sentia o teu cheiro.
Por que escrevo? Não sei. Tu não vais ler isto, apenas um par de curiosos que podem eventualmente passar aqui.
Será que pensaste em mim hoje e ontem? Será que sorriste? Será que ficaste triste? Será que ainda estou presente no teu quarto? Ou arrancaste tudo? Será que pensas em mim quando adormeces? Será que ocupas a cama toda ou ainda tens o hábito de não te encostares à parede? Eu tenho. O teu lugar está reservado na minha cama. O Sunnie vem ocupá-lo de manhã. Acho que ele também sente a tua falta... Veio cheirar a camisola e olhou para mim. Tem um ar tão triste. Se calhar também é da minha cabeça... na verdade os cães têm quase sempre um ar triste.
Sinto-me o Eddie, sabes? "vou comprar um terreno. vou construir um curral, uma cerca para os cavalos... até podemos ter galinhas"... Às vezes gostava tanto que fosse assim. Pedir-te... vamos embora daqui. Vamos para uma casinha algures longe de tudo, com uma vista bonita, ter uma horta, um gato, um cão, sei lá... Eu contigo nem me interessa bem onde estar. Até passei meses a tomar banhos de água fria...
Estou a divagar demais. A pensar demais. A recordar demais. O Jacques Brel já repetiu tantas vezes nestas colunas, e repete mais uma vez, aquilo que te peço... ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Continuo com a tua camisola. E continuo a sentir o teu cheiro. E continuam-me a doer as saudades que tenho tuas. E continuo a pedir...
Ne me quitte pas...

(E ainda assim, não sei escrever sobre ti.)

segunda-feira, julho 11, 2011

Why do we do?

Por que vivemos?
A sério... Por que vivemos?
Por quem? Para quê? Porquê?
Não há nada por que valha a pena lutar.
Nada por que valha a pena sofrer.
Há pessoas que gostam de nós e nós delas... Um mundo de cafés e cigarros. Ideias de um futuro... Que futuro? Empregos das 9 às 5? Sonhos de teatro e Hollywood? Que teatro? Que Hollywood? Já não há arte, já não há sonhos... Que futuro?
As pessoas já não sabem amar.
As pessoas já não sabem viver.
Um mundo em paz há 60 anos... É isto ao que chegámos? Não há nada por que lutar. A arte não me diz nada. O dia-a-dia não me diz nada.
Não tenho nenhuma vocação especial.
Não tenho nenhum emprego especial.
Nada do que eu faço é especial.
Para que viver?
Para que passar o tempo à espera? E do quê? Eu não espero nada.
Deixei de ter medo. Não tenho medo de ser assaltada, violada, cortada aos pedaços. Não tenho medo de andar de avião. Se cair, e depois? Não tenho medo de beber de mais. Se morrer, e depois?
Sinto vergonha de pensar estes pensamentos.
Sinto vergonha de escreve-los.
Sinto vergonha de os publicar num sítio, que ainda que ninguém leia, está ao alcance de toda a gente. Sinto vergonha. Mesmo. De mim, das pessoas que pensam isto.
Mas a verdade é esta.
Se eu pudesse sair sem magoar ninguém, sairía. Não posso.
Eu não percebo.
Juro que não percebo.
Por que vivemos.

sábado, julho 09, 2011

Dá-me um tiro se isso te faz sentir melhor.

quinta-feira, julho 07, 2011

Olha para mim.

Olhas para mim e viras-me as costas.
Olha para mim.
É verdade, o meu amor continua o mesmo. As minhas mãos têm o mesmo toque carinhoso. Os meus olhos olham para ti com a mesma admiração. A minha boca beijar-te-ía da mesma maneira. As minhas asas fechar-se-íam à tua volta da mesma maneira quando de abraço. Far-te-ía voar da mesma maneira.
Olha para mim.
Olha para mim!!!
Nunca me fui embora. Estive sempre aqui. Sempre sonhei contigo, sempre senti o teu cheiro, sempre me doeu o corpo por dormir sem ti. Sou a mesma. O meu sorriso que adoras é o mesmo. O meu riso que te irrita em demasia é o mesmo. O meu cheiro é o mesmo. O meu corpo é quase o mesmo... emagreceu sem ti. Morre sem ti...
Olha para mim, porra!
Não fui eu quem ti virou costas, foi uma escolha tua. Pensar errado, foi uma escolha tua. Perder-me, é uma escolha tua. Macacos na cabeça, foi uma escolha tua. Porquê? Que fiz de mal? Explicas? Ou virar as costas é agora a tua praia?
Olha...
Dormimos juntos, comemos juntos, passeámos juntos, fizemos amor, trocámos beijos, entrelaçámos as mãos, fizemos planos, brincámos, rimos, discutimos, vimos filmes, lemos coisas, ouvimos música, andámos de barco, andámos de carro, andámos a pé, corremos, apanhámos chuva, vimos o sol a nascer, acordámos de noite, bebemos vinho, fizeste-me chá, seguraste-me a mão no hospital, perdemos chaves, discutimos, rimos, abraçámo-nos...
Olha para mim.
Dissemos coisas más, confessámos coisas, sussurámos ao ouvido, falámos sem palávras, gritámos, falámos baixinho. Coisas que não quero ouvir. Coisas que não quero dizer. Coisas...
Olha para mim...
Não peço o teu amor.
Não peço o teu abraço.
Não peço o teu beijo.
Não peço...
Só te peço isto.
Olha para mim.