domingo, fevereiro 22, 2009

Dançaria descalça sozinha no meio da areia como se não houvesse amanhã...
Olhava para as estrelas e sonhava ser uma delas bem alto no céu escuro...
Chorava de alegria sempre que visse um carro cor-de-rosa às bolinhas...

sábado, fevereiro 21, 2009

Queres falar sobre isso?

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Sem sentimentos.
Sem emoções.
Sem coração.
Sem paladar.
Sem olfacto.
Sem tacto.
Sem vergonha.
Sem pudor.
Sem escrúpulos.
Sem vontade.
Sem meias-palavras.

sábado, fevereiro 14, 2009

Carruagem

Sentada no comboio.
Sozinha, completamente sozinha, com as pernas esticadas no banco ao lado.
Sonha, sozinha.
Vai para além da paisagem do mar e do horizonte, dos prédios engrafitados. Vai até ao outro lado do mundo, aos arranha-céus, às multidões que correm de um lado para o outro, aos teatros, aos cafés, ao ritmo que falta...
Vai para quando era pequena e tinha a mamã e o papá, a relva, os morangos do jardim, o patinho amarelo de borracha, o exércio de tropas de chocolate invisíveis de quem era comandante e o sabor a madeira quente.
Vai para quando era uma miúdinha armada em graffiter, de calças largas, o cabelo vermelho preso em rabo de cavalo, um riso estridente e a língua solta para dizer citações inteligentes dos livros que lia para irritar qualquer professor em cuja aula adormecia. Quando ela não tinha medo, quando percorria um futuro enorme com os seus ténis, sonhando com os maiores palcos do mundo.
Recorda-se do que já passou, da arrogância, do sabor da Carbonara, das calças de ganga rasgadas, dos choros, das alegrias, do Pacman, dos que vieram e se foram embora, dos homens, das mulheres, dos filmes...
Regressa à janela, ao mar azul, às gaivotas, aos raios do sol. Se eles a levassem agora para longe daqui, longe, para um local como a terra do Nunca, onde fosse...
-O SEU BILHETE POR FAVOR?

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Poucos ou nenhuns compreenderão a genialidade da coisa

Uma coisa genial às 02:34 da manhã.
Soundtrack do "ONCE UPON A TIME IN AMERICA" da rua.
Abro a porta da varanda.
Espreito para baixo.
Carro com colunas.
Parado atrás de uma máquina do lixo...



(Se alguém eventualmente compreender o significado... deixe um comentario)

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

chuva frio

Quando chove lá fora, vestes três camisolas, tens frio na mesma, metes os pés em cima do aquecedor e parece que não aquece.
Não apetece sair de casa, a hiperactividade parece ter tirado férias, uma pessoa sente-se bipolar.
Não queres nada, não fazes nada, enfias a cara no livro, finges ler mas não avanças uma página.
Testes, exames, frequências... Almofada em cima da cabeça, corpo enrolado em cobertores... Dormir. "Amanhã faço". Deixar tudo para depois, esquecer, fingir, desanuviar, adormecer à espera do sol, do calor, de uma puta de um day-off.

Onde está a infância que deixámos para trás?

Eu vou

eu vou
eu vou eu vou eu vou
eu vou eu vou
eu vou eu vou
eu vou
eu vou eu vou eu vou

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Dangerous liasons

Andar de carrossel às 6 da manhã pode mudar a tua vida sem mais nem menos, apanhar-te de forma algo desprevenida, pôr tudo em perspectiva e apontar aquela tal saida que sempre esteve lá mas por alguma razão passou despercebida.

O bilhete é só de ida. Só de ida.



...Coisas que me dão vontade de seguir em frente num mundo que dá a ideia de tar a ficar demasiado deprimente.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Acasos

"Só o acaso pode ser interpretado como uma mensagem. O que acontece por necessidade, o que já era esperado e se repete todos os dias é perfeitamente mudo. Só o acaso fala. Nele é que se deve tentar-se ler, como as ciganas fazem com as figuras deixadas no fundo de uma chávena pela borra do café.
Para Tereza, a presença de Tomas no restaurante foi a manifestação do acaso absoluto. Estava sentado sozinho a uma mesa com o livro aberto à frente. Levantou os olhos para ela e sorriu: “Conhaque”:
Neste momento, a rádio estava a transmitir um programa de música. Tereza foi buscar o conhaque ao balcão e girou o botão do aparelho para ouvir melhor. Era Beethoven.
A nossa vida quotidiana está sempre a ser bombardeada pelos acasos. Mais exactamente, por encontros fortuitos entre as pessoas e os acontecimentos, ou seja, por aquilo a que costuma chamar-se coincidências. Há uma coincidência quando dois acontecimentos inesperados se produzem ao mesmo tempo, quando se encontram um com o outro: Por exemplo, Tomas aparece precisamente no momento em que a rádio está a dar Beethoven. Na sua imensa maioria, este tipo de coisas passa totalmente despercebido. Se o homem do talho tivesse vindo em lugar de Tomas, Tereza não teria reparado na rádio (embora o encontro de Beethoven com um homem do talho também não deixe de ser uma coincidência interessante). Mas o amor a nascer aguçou-lhe o sentido de beleza e, por isso, nunca mais esquecerá esta música.
O acaso tem destes sortilégios, a necessidade não. Para um amor se torne inesquecível é preciso que, desde o primeiro momento, os acasos se reúnam nele como pássaros nos ombros de S.Francisco de Assis.
Não há, portanto, razão nenhuma para censurar aos romances o seu fascínio pelos misteriosos cruzamentos dos acasos, mas há boas razões para censurar o homem por ser cego a esses acasos na sua vida quotidiana e assim privar a vida da sua dimensão de beleza."


(Milan Kundera- A insustentável leveza de ser)