sábado, março 20, 2010

37.7

Estou com febre, de nariz entupido, a tossir que nem um cão, com um documento aberto para trabalhar há duas horas (e sem adiantar uma letra que seja), a fumar um cigarro (que irónico) e com uma vontade imensa de despejar aqui um monte de palavras sinceras.
Lembro-me da escola de teatro. Dos cinco anos e dos três e de agora.
Os três anos estão bem enterrados num sítio onde eu não os veja (as coisas que trouxe de lá, existem ainda hoje, as outras, esqueço-as).
Vejo hoje o quanto eu não era, o quanto achava que queria ser e como foi tudo em vão, inútil e de um comportamento exemplar do que não se deve ser nunca.
Vejo hoje que é pela simplicidade e pela simpatia. É sempre por aí. E nem dá dores de cabeça.
Lembro-me de ti. Nós que nos demos tão bem, e depois nos demos tão mal, e quanto indiferentes somos afinal. É inevitável não me lembrar de ti em qualquer momento mais nostálgico.
Vou percorrendo tudo, censurando e sorrindo.
Mas nada importa. Já não sou aquilo que era há um ano, nem quero voltar a sê-lo nunca.
E olho com olhos de mãe para todos os que ainda estão dentro daquelas quatro paredes, pois os amo. Amo de coração, admiro e apoio.
O resto... é febre e sono.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que saudades do tempo em que tudo parecia mudar de hora a hora e da ânsia de pensar que é da idade, que um dia este sentimento acabará. Que saudades de achar que vou mudar, de hora a hora, para melhor, esclarecedo-me do Mundo a cada 30segundos (ou assim parece).

A verdade é que (e 'empresta-me' lá esses teus olhos de mãe) isso, essa sensação, não vais tê-la só agora, nesta idade em que julgas que tudo muda - sobretudo porque 'toda a gente' o diz e parece que, porque 'toda a gente' o diz é verdade -, vais tê-la, se tudo correr bem, para o resto da vida. Esperemos que mudes de ano a ano, que te reformules e te reestrutures e te adaptes. Sempre. A calma e a paciência com que o vais fazendo, a alegria com que te vais descobrindo (mesmo no que não estavas à espera) é que vão ser diferentes.

Mas não penses que já cresceste tudo, não julgues que só se muda e só se sente dos 17 aos 21.