segunda-feira, maio 31, 2010

Sex and no city

Quando me deitei era uma da manhã.
São duas e quarenta e cinco e não consigo dormir. Algo me diz que o calor vai voltar.
Fico a pensar no que me tem entrado no cérebro recentemente. Coisas muito pouco minhas, mas, no entando, balas para a minha cabeça. Temporadas da Carrie Bradshaw, uma série experimental russa sobre a juventude, dois romances de Richard Yates e um par de Dry Martinis com a típica azeitona.
Não consigo evitar. Acabo por analisar a minha vida, a vida à minha volta, a minha geração, as relações humanas. Será normal ver pessoas à minha volta que, nos seus tenros dezasseis anos, se associam aos problemas de mulheres com mais de trinta? Será natural para nós, ainda que criados num ambiente tão próximo do mediterrâneo onde, segundo a literatura mundial, o carácter é tão forte e os sentimentos passeiam à flor da pele, estarmo-nos a tornar tão cépticos e calculistas e banais? Será possível termos extinto para nós as reacções naturais ao sentimento? Termos simplificado as emoções? Ou pura e simplesmente as coisas avançaram para toda uma nova dimensão, um nível avançado que eu não consigo atingir?
Eu sei jogar jogos. Até sei inventar regras para mim própria. Sei sair de jogo, sei apostar alto. Só nunca aprendi a perder, porque nunca precisei. Nunca uma aposta incluiu algo que me pudesse, eventualmente, magoar.
Mas quando se aproxima a hipótese da pessoa à minha frente não estar a jogar, mas abrir-me o jogo sem esconder nada. Aí sim eu saio. Fujo a sete pés. E porque é que isto acontece?
Eu detesto jogos. Abomino-os. Tenho uma paixão pela intensidade do real.
Mas este pensamento ultrapassa-me sempre o crânio de uma ponta à outra e faz-me fugir: Aquilo que eu encaro como real, ainda existe? Ou é apenas outro jogo que eu não sei jogar?


Tell me, where's the shepherd for this lost lamb?

2 comentários:

Wolve disse...

um dia acordas, percebes que te estás a cagar para o mundo, e o teu pastor és tu. Há coisas que queres fazer, e essas importam mais. A meio, perdes a fé nas pessoas, apoias-te em ti.

Mais não sei. Contei-te até onde estou.

Anónimo disse...

A realidade perde-se com facilidade nas redes interlaçadas que tecem á nossa volta. É mesmo um apena que a vida parece centrar-se nessas redes e nos jogos que fazemos com elas e não naquilo que realmente se passa...