sábado, setembro 22, 2007

Travelling alone (o relato mais que completo)

Tudo começou na segunda-feira dia 3 de Setembro, quando dei por mim a ver a Agenda Cultural de Moscovo de lágrimas nos olhos (um pequeno exagero, para dar mais ênfase à coisa) e a pensar "e eu aqui... sem ver isto...".
5 de Setembro, 4ª feira, depois de uma noite de Trivial Pursuit, às 9 da manhã estava no consulado para me assinarem a autorização dos pais para sair do país. Às 2.. já a tinha na minha mão (escusado será dizer que as complicações foram bastantes... e o preço era um exagero para um papelinho reles).
Na noite de 6ª para Sábado 8 de Setembro (Sábado às 5 da manhã) estava já no aeroporto de Lisboa. Despedi-me da minha mãezinha que me ficou a acenar e... o mundo estava a meus pés. Sentei-me no avião e uma hora depois estava em Madrid, onde me esperava outro avião que me levaria ao meu destino final (Moscovo). Aí (no avião) o hospedeiro (que era igual ao Al Pacino jovem) perguntou-me com um sorriso "Hablas español?" ao que eu respondi sem pensar, feita estupida "Yeah.... oui... Ai! Si". Ele riu-se da minha estupidez e organizou-me 3 lugares vagos, duas almofadas, um cobertor e um chá com limão. Nesta doce companhia passei 5 horas de viagem a.. dormir.
No aeroporto de Moscovo, tive que esperar uma hora pela minha querida irmãzinha que decidiu ficar trancada no engarrafamento, mas nem isso estragou a minha boa disposição.
No Sábado à noite já tive o meu pãozinho com caviar ao jantar e a minha caminha à espera.
Domingo: dia de família. Monopólio, chá e conversa...
Segunda: Iniciei a minha grande aventura repleta de passeios de carro com a minha irmã, cafés Mocaccino (Alguém sabe onde é que arranjo disso aqui?) e tive a minha primeira experiência teatral desta visita. É melhor nem a comentar porque me desiludiu perfeitamente. No final o encenador (que me conhecia, o que foi, aliás, a única razão pela qual me senti "obrigada" a ir ver a estreia) perguntou-me o que tinha achado. Apenas abanei a cabeça e fugi-lhe o mais depressa possível. Mas nem tudo foi negativo. Tive a oportunidade de conhecer de pertos amigos antigos da minha mãe que me disseram que eu era a cópia dela (bom, aceitei isso como um elogio).
Na Terça, agarrei na minha avó (a tal que é modernaça) e arrastei-a para o museu de arte, onde passei horas a deliciar-me com Degas, Monets e Manets, Van Goghs, Kandinskys, Picassos e muitos outros. À noite, estive 4 horas boquiaberta na minha segunda experiência teatral, do meu teatro preferido ("As três irmãs").
Quarta: Logo de manhã, a minha irmã e o meu cunhadito vieram-me buscar e passámos o dia fora. Por aí. Com amigos deles (e agora meus).
Quinta foi um dia aborrecido a tratar de documentos, do emprego da minha maninha (sim, podem-me agradecer porque foi graças a mim que ela o conseguiu... quase... mas podemos dizer que sim) e tudo o mais.
Na Sexta, o ponto alto do dia, foi mais uma vez o Teatro de Fomenko com a "Felicidade de família".
Sábado, quando o tempo melhorou (Até lá andava imprevisivel. Ora chuva, ora nuvem), avisei para não esperarem por mim e parti em busca de qualquer coisa. Phones nos ouvidos, passe de metro no bolso a uma cidade enorme para andar, passear, explorar. À noite, mais uma vez, fui ao teatro ser "demonizada".
No Domingo, para contradizer os que dormem até tarde acordei com o cantar do galo, para aproveitar o metro vazio (o que me trouxe o seu "momento auge", com a entrada de um bebado de cerveja na mão que resolveu sentar-se mesmo à minha frente, precisamente debaixo de um cartaz que dizia "Excesso de cerveja prejudica a sua saúde". E juro que não estou a inventar) para assistir (mais uma vez com a minha irmã) uma aulinha de voz do conservatório. Tirei umas notinhas, se bem que não esclareceram grande coisa. À noite, fui na minha doce solisão ver um monólogo de duas horas sobre as "notas de um louco"... Era bom. Sim. Era bom. Mas um pouco prolongado de mais.
A minha bisavó fez 91 anos da Segunda. Deu-me uma vontade imensa (a mim que sou a típica ateísta) de rezar para não chegar nem aos 80. Escapei-me do almoço de família pelas 5 da tarde com a desculpa (verídica) de ir (mais uma vez) ao teatro ver a "casa...".
Terça foi oficialmente o meu último dia e foi realmente maravilhoso. Não sei explicar porquê. Talvez porque esteve Sol, porque as folhas amarelas, laranjas e vermelhas rangiam debaixo dos meus pés, porque andei mais de 10 quilómetros a pé, porque encontrei o "homem da minha vida" que passou por mim a correr. Não sei. Não sei.
E já na Quarta, quando pensava que ía chegar a casa calma e tranquila, o destino (ou lá o que foi) pregou-me uma partida. O avião saíu de Moscovo com uma hora e meia de atraso o que o fez chegar a Madrid no momento em que o avião Madrid-Lisboa levantava voo. Entrei em estado de pânico, que passou para o estado de tenho-pena-de-mim-própria-porque-vou-passar-a-noite-no-aeroporto-e-quero-ir-para-casa. Mas passado 5 minutos ganhei consciência, ri-me da situação e fui resolver o problema. Depois de correr de um terminal para outro em busca da altetração do cartão de embarque e do cheque para o hotel e autocarro, tive a oportunidade de disfrutar de um hotel de 4 estrelas, com uma banheira maior que a minha casa-de-banho toda e com comida para dar e vender (toda à borla). Como é obvio, não voltei a ter pena nenhuma de mim.
Na Quinta às 8 da manhã... Já estava de volta. No aeorporto de Lisboa a dizer... "home sweet home".

2 comentários:

Anónimo disse...

Que GRANDE viagem! Também quero uma assim para mim (ok, estou a ter pena de mim própria). Achei imensa piada á reportagem fotográfica. Sempre dá para os caseiros (como eu) virem algumas das coisas que tu vieste.

PS: ficar em Madrid não é sacrificio para ninguém. Se tivesse na tua situação até dava graças por ter perdido o avião! =P

bulletproof disse...

um mocaccino encontra-se facilmente, por exemplo no caffe di roma. Já o Fomenko...