terça-feira, agosto 11, 2009

Orquídea.

O tempo das bonecas com quem nunca brinquei, das histórias de encantar que não queria ouvir, teima em ir desaparecendo...
Vai desaparecendo a Nutella e a manteiga de amendoim sobre as bolachas Maria...
Já nem o meu cão é a bolinha de pêlo que entrou cá em casa no bolso do casaco...
Agora parece que é pura ilusão toda aquela teoria das eternas crianças. Ou talvez esteja, mais uma vez, a romantizar a verdade e a distorcer as ideias vagas que surgem às 4 da manhã...
Mas parece que tudo começa a acabar...
E quando começo a ter saudades do tempo que já lá vai, sinto-me a renascer de novo...
Num vazio absoluto.
Quando eu nasci em 91, deve ter havido o mesmo vazio entre o ventre da minha mãe e o mundo cá fora...
Diz que é tempo de parar. De pensar. De descobrir.
Aprender as palavras, comunicar, gatinhar...
Analisar aquilo que vivi, o que não fiz e devia ter feito, censurar todos os erros...
Se pudesse viver tudo outra vez, será que a minha biografia seria igual?
Por tão pouco ía acabando antes de sequer ter começado...
Por uma distância tão mísera que voltei ao ponto de partida, sem ter alcançado a chegada.
E ainda bem... Posso dizer está conclusão ranhosa (ainda bem) como se existisse o bem e o mal...
Mas seria demasiado banal, que é coisa que eu não gosto. Mais uma vez prefiro romantizar acontecimentos, para ver se aos meus olhos fica mais bonito.
Porque na verdade, neste vazio entre o antes e o depois tudo me parece mais bonito...
Vamos embora para um Mundo novo?
Mas o facto é que por mais que a noite seja ainda uma criança, já não é assim tão cedo...
E já não me apetece brincar.
Hoje não faz sentido a sensação-do-a-minha-vida-é-uma-merda
Hoje nada me parece fazer sentido a não ser o cheiro característico a limão e tabaco.
Hoje nada parece encaixar, porque a noite já vai muito longa...
E onde é que eu vou amanhã?
Não interessa... desde que o sol brilhe... ainda tem por onde arder...

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