segunda-feira, julho 18, 2011

(365) Days of... something

Estou com a tua camisola vestida. Ainda tem o teu cheiro. Não sei se não será da minha cabeça... mas sinto o teu cheiro. É o cheiro mais bonito do mundo para mim. Tenho o teu charuto na mão e não me passa pela cabeça fumá-lo. Está à tua espera. Estamos à tua espera.
Tenho imagens diante os meus olhos. Uma retroespectiva. Se isto fosse um filme as imagens passariam mesmo a sério, bem montadas ao som de uma música bonita. Este ambiente está a acontecer mais ou menos. A voz do Jacques Brel acompanha-me os pensamentos.
Acho que é masoquista o que estou a fazer. E as lágrimas escorrem-me mesmo pela cara. E o sorriso está estampado no rosto. Fazes-me sorrir. Mesmo a tua ausência faz-me sorrir. Mesmo as saudades que me cortam aos bocadinhos fazem-me sorrir.
Como explicar isto? Chama-se importância. Chama-se memória. Chama-se valor. Chama-se amor (isso é banal, não é?).
Há um ano atrás também ouvia uma música e também tinha uma retrospectiva diante dos olhos e um sorriso. E olhava a lua e pensava em ti e pensava no quanto eu era feliz. Ah e abraçava a tua almofada e sentia o teu cheiro.
Por que escrevo? Não sei. Tu não vais ler isto, apenas um par de curiosos que podem eventualmente passar aqui.
Será que pensaste em mim hoje e ontem? Será que sorriste? Será que ficaste triste? Será que ainda estou presente no teu quarto? Ou arrancaste tudo? Será que pensas em mim quando adormeces? Será que ocupas a cama toda ou ainda tens o hábito de não te encostares à parede? Eu tenho. O teu lugar está reservado na minha cama. O Sunnie vem ocupá-lo de manhã. Acho que ele também sente a tua falta... Veio cheirar a camisola e olhou para mim. Tem um ar tão triste. Se calhar também é da minha cabeça... na verdade os cães têm quase sempre um ar triste.
Sinto-me o Eddie, sabes? "vou comprar um terreno. vou construir um curral, uma cerca para os cavalos... até podemos ter galinhas"... Às vezes gostava tanto que fosse assim. Pedir-te... vamos embora daqui. Vamos para uma casinha algures longe de tudo, com uma vista bonita, ter uma horta, um gato, um cão, sei lá... Eu contigo nem me interessa bem onde estar. Até passei meses a tomar banhos de água fria...
Estou a divagar demais. A pensar demais. A recordar demais. O Jacques Brel já repetiu tantas vezes nestas colunas, e repete mais uma vez, aquilo que te peço... ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Ne me quitte pas...
Continuo com a tua camisola. E continuo a sentir o teu cheiro. E continuam-me a doer as saudades que tenho tuas. E continuo a pedir...
Ne me quitte pas...

(E ainda assim, não sei escrever sobre ti.)

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